Não reveleis o sonho. A luz do dia
fere demais a alma, e oculta
a face esquece a sua chaga rubra.
A dor, amordaçando, purifica:
que ela te dê no sangue o novo alento
para outros voos de que sairás vencido
(mas entretanto vives...). E procura
haurir na solidão a graça, o prémio
daquele instante puro, essencial
a que não chega o vão rumor do tempo
desfigurado e vil... E já liberto
conhecerás tua verdade inteira
ouvindo alguém, sem corpo nem memória,
segredar-te as palavras invisíveis
de que é tecida a Noite - tua esperança.
Luís Amaro
com a devida vénia, de DIÁRIO ÍNTIMO, DÁDIVA E OUTROS POEMAS, &etc, 2006
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