Azimuto a minha barca
e o porto é onde já estou.
Esta chuva que me encharca
é a que nunca pingou.
Olho pra trás desasado
das asas que nunca tive.
Não há mudanças de estado
na descida do declive.
Pedro que sou, reduzo
o sapato em que me meto
a moído parafuso
e a desgosto secreto.
Desalimento a certeza,
aperto a chave ao sorriso,
lavo a loiça, ponho a mesa,
falo faceto, agonizo.
Pedro Tamen
in Memória Indescritível, Gótica, Lisboa / 2000, Setembro de 2000
3 comentários:
Domingos,
Belo!
Beijos,
Cecile.
Cecile,
Agradeço a sua visita e o comentário,
DM
Coisa mais linda! Deu vontade de ler outros poemas de Pedro. Limpo, palatável, ritimado, macio!
Enviar um comentário