Corro colada ao chão
um discurso sem pernas
e em busca do calor
ligo o solo e o sol.
Depois de morta mexo.
Mas sei que logo após
a ponta do meu corpo
também se queda morta.
Ergo a cabeça azul
ao azul e ao brilho
e rojo pelo pó
o pó que vou andando.
No frio do meu sangue
tenho a premonição
do lixo que na terra
em terra se fará.
Meneio, pois: meneio
qual se tivesse rins.
Mas de nada me escapo,
nem mesmo do buraco.
Pedro Tamen
in Analogia e Dedos, Oceanos, ASA Editores, 2006
3 comentários:
Que metáfora mais animadora - apesar do fim. Pedro Tamen, não o conhecia.
Bar do Bordo,
Pedro Tamen é um dos grandes poetas portugueses vivos.
Obrigado pela visita e pelo comentário.
DM
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