Estou acorrentado a este penhasco
logo eu que roubei o fogo dos céus.
Há muito tempo sei que este penhasco
não existe, como tampouco há um deus
a me punir, mas sigo acorrentado.
Aguardam-me amplos caminhos no mar
e urbes formigantes a engendrar
cruzamentos febris e inopinados.
Artur diz "claro" e recomenda um amigo
que parcela pacotes de excursões.
Abutres devoram-me as decisões
e uma ponta de fígado mas digo
E daí? Dia desses com um só grito
eu estraçalho todos os grilhões.
Antonio Cicero
in A Cidade e os Livros, Antonio Cícero, prefácio de José Miguel Wisnik, edições Quasi, 2006
2 comentários:
Domingos,
Sublime poema!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
É para mim uma alegria, uma honra ter podido postar este poema "O Grito" de Antonio Cícero, um poetósofo (na aguda visão de Paulinho Assunção),de que muito gosto e que muito admiro.
Obrigado pelo comentário.
Um abraço,
Domingos da Mota
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