A Eugénio de Andrade
Um dia destes
vou-te matar.
Uma manhã qualquer em que estejas (como de
costume)
a medir o tesão das flores
ali no Jardim de S. Lázaro
um tiro de pistola e...
Não te vou dar tempo sequer de me fixares o rosto
Podes invocar Safo, Cavafy ou S. João da Cruz
todos os poetas celestiais
que ninguém te virá acudir
Comprometidos definitivamente os teus planos de
eternidade
Adeus pois mares de Setembro e dunas de Fão
Um dia destes vou-te matar...
Uma certeira bala de pólen
mesmo sobre o coração
Jorge de Sousa Braga
in DE MANHÃ VAMOS TODOS ACORDAR COM UMA PÉROLA NO CU, Fenda Edições, 1981
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